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Minuto da Semana
(Falácias de relevância)
Uma das disciplinas que considero fascinante na Filosofia, dentre muitas outras igualmente cativantes, é a lógica. Em poucas palavras, podemos definir a lógica como o estudo dos métodos e princípios para distinguir o raciocínio correto do incorreto. É claro que a gente nasce com uma habilidade natural de entender as coisas, mas se uma pessoa conhece os princípios da lógica, provavelmente raciocinará com mais precisão do que alguém que ainda não tenha explorado essa abordagem. O intuito aqui não é proporcionar uma explicação aprofundada sobre lógica, mas sim apresentar alguns conceitos estudados nessa área, auxiliando na identificação de discursos falaciosos. Mesmo que aparentem ser lógicos e coerentes, esses raciocínios podem ser, na verdade, falaciosos e, portanto, ilógicos e/ou falsos.
No minuto da Filosofia desta semana, vou abordar as principais falácias, conhecidas como Falácias de Relevância, para tanto, usarei exemplos simples para facilitar a compreensão dos nossos leitores. Mas o que é isso? "Falácias de Relevância"🤔? Essas falácias compartilham a característica fundamental de terem premissas que são logicamente irrelevantes para as conclusões, tornando-as assim incapazes de deixar as conclusões verdadeiras. Essa irrelevância é estritamente lógica, não psicológica. Como poderemos observar ao longo desta leitura, se não houvesse alguma conexão psicológica, tampouco haveria qualquer efeito persuasivo ou aparente correção. (o que está sendo dito pode parecer superficialmente correto ou persuasivo, mas não teria uma base sólida ou eficácia real quando considerado em detalhes). A confusão entre relevância psicológica e lógica ocorre devido ao uso da linguagem, que pode ser expressiva e informativa, estimulando emoções como medo, hostilidade, compaixão, entusiasmo ou reverência.
Ao explorar as falácias de relevância, veremos como a lógica e a psicologia muitas vezes se entrelaçam, influenciando a persuasão (convencimento) e a percepção da correção. É de suma importância uma análise crítica para identificar argumentos válidos e evitar sermos conduzidos por apelos emocionais que, embora poderosos, não garantem a verdade das conclusões apresentadas.
No meu texto, falei sobre falácias, premissas e conclusões. Vou apresentar um exemplo bem simples para facilitar a compreensão destes termos". Neste caso é um exemplo de raciocínio falacioso, pois a conclusão é falsa.
PREMISSA 1: Todo verdadeiro brasileiro gosta de futebol.
PREMISSA 2: Meu pai é brasileiro e não gosta de futebol.
CONCLUSÃO: Logo, meu pai não é um verdadeiro brasileiro.
Explicação: A premissa diz que para ser um verdadeiro "brasileiro" tem que gostar de futebol, e quem não compartilha dessa opinião não pode ser considerado um "brasileiro". A conclusão é FALSA, pois trata-se de uma generalização precipitada.
Vamos conhecer as falácias de relevância
Argumento ad Baculum
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É a falácia que se comete quando se apela pela força ou ameaça de força para provocar a aceitação de uma conclusão.
Exemplo: "Se você não concordar comigo, vai se arrepender. Eu tenho influência para garantir que você perca o seu imóvel."
Argumento Ad Hominem Ofensivo
Essa falácia é cometida quando, em vez de tentar refutar a verdade do que se afirma, ataca o homem que fez a afirmação
Exemplo: "Não podemos acreditar no que ela diz sobre a economia; afinal, ela já faliu uma empresa no passado."
Argumento Ad Hominem Circunstância
Tal falácia é sobre a variedade circunstancial que diz respeito às relações entre as convicções de uma pessoa e as suas circunstâncias.
Exemplo: "Você está apenas defendendo essa política porque está vinculado financeiramente a ela."
Argumento Ad Ignorantum
Essa falácia assume que uma afirmação é verdadeira porque não foi provada falsa, ou vice-versa.
Exemplo: "Devem existir fantasmas, visto que ninguém foi ainda capaz de provar que não existem."
Argumento Ad Misericordian
É a falácia que se comete quando se apela para a piedade ou a compaixão para se conseguir que uma determinada conclusão seja aceita.
Exemplo: "Por favor Sr. Guarda, não me multe; eu já estou tendo um dia terrível, meu carro acabou a gasolina, depois furou o pneu e para piorar, minha namorada me deixou."
Argumento Ad Populem
Essa falácia vai basear-se na popularidade de uma ideia ou pessoa em vez de sua validade.
Exemplo: "Todos estão usando este produto, então deve ser o melhor do mercado. "Ora Pro Nóbis", o suplemento mais eficaz do mundo. Será que pelo fato de ser popular é realmente eficaz?"
Argumento Ad Verecundiam
Essa falácia usa a opinião de uma figura de autoridade como evidência, mesmo que essa pessoa não seja especialista no assunto.
Exemplo: "O famoso jogador de futebol diz que essa escova de dentes é a melhor do mundo, então deve ser verdade."
Acidente
Essa falácia generaliza uma regra com base em uma exceção, ou seja, aplica-se uma regra geral a um caso particular.
Exemplo: "Meu avô morreu com 90 anos e era fumante desde os nove anos, portanto, fumar não é prejudicial à saúde."
Acidente Convertido
Essa falácia ocorre quando alguém faz uma generalização precipitada a partir de casos atípicos ou excepcionais, aplicando uma regra que é válida apenas para situações específicas a todos os casos do mesmo tipo.
Exemplo: "Suponha que alguém experimente uma maçã estragada e conclua que todas as maçãs são ruins."
Falsa Causa
Aqui se assume erroneamente que, porque dois eventos ocorrem juntos, um deve causar o outro.
Exemplo: "Sempre que o galo canta, o sol nasce; portanto, o galo faz o sol nascer."
Agora é hora de refletir
A lógica é essencial para distinguir raciocínios corretos dos incorretos. No estudo das falácias de relevância, percebemos que muitos argumentos, embora pareçam convincentes, são ilógicos. Exemplos incluem o uso da força para persuadir (ad Baculum), ataques pessoais (ad Hominem), apelos à ignorância (ad Ignorantum), à piedade (ad Misericordian) e popularidade (ad Populem). Além disso, temos também a falácia de apelo à autoridade inadequada (ad Verecundiam) e inferir causas falsas (Falsa Causa) são armadilhas comuns. Fiquem atentos, pois ao identificar essas falácias, podemos fortalecer nosso pensamento crítico e discernir argumentos verdadeiros dos enganosos.
Para saber mais, recomendo a leitura do livro: "Introdução à Logica" de Irving M. Copi, com tradução de Álvaro Cabral. Editora Mestre Jou. São Paulo.
Texto publicado em: 25 Nov 2023.