Minuto da Filosofia

Agenor Henrique de Souza

Você está na Edição 17 do Minuto da Semana

Minuto da Semana

(O anel de Giges)

Olá pessoal, no "Minuto da Filosofia" desta semana, explorarei um trecho da obra clássica de Platão - A República. No Livro II desta obra, o filósofo Platão apresenta o mito do anel de Giges, seguido de um debate filosófico. Com esse mito, Platão nos convida a refletir sobre uma questão crucial nas relações humanas.

Vamos lá! Prontos para mergulhar na leitura? 📚

O anel de Giges é apresentado por Platão logo no início do Livro II de "A República". O filósofo grego Platão narra um mito interessante para discutir questões morais e políticas profundas. Trata-se da história do anel mágico de Giges.

Segundo o mito, Giges era um pastor que servia ao rei da Lídia. Certo dia, houve um terremoto que abriu uma fenda no solo. Dentro da fenda, Giges encontrou um cadáver que usava um anel de ouro. Ao retirar e experimentar o anel, Giges descobriu que ele conferia o poder da invisibilidade sempre que a parte interna do anel era virada em direção à palma de sua mão.

Usando esse novo e assombroso poder, Giges conseguiu entrar despercebido no palácio real, seduzir a rainha e com sua ajuda, assassinar o rei e tomar o trono para si. Tudo isso foi possível por conta de sua invisibilidade proporcionada pelo anel mágico.

Platão usa essa narrativa interessante do anel para levantar um importante debate ético e político. A questão central é: caso uma pessoa, que pudesse se tornar invisível e assim escapar de qualquer punição por más ações que viesse a cometer, ainda agiria de forma moral e ética? Ou tenderia a agir apenas por interesse próprio, em benefício de desejos egoístas, sem considerar normas morais e sociais?

Ao longo de sua obra, Platão argumenta que todo indivíduo só é ético e moral quando sob coação. É o medo de perder reputação e ser punido ou exilado que determina um comportamento social adequado. Porém, livre de todas essas amarras coercitivas, o ser humano tenderia à tirania e injustiça.

Portanto, por meio do fascinante mito do anel, Platão nos convida a uma importante reflexão ética que ecoa até os dias de hoje: sem mecanismos externos de coação, haveria ainda moralidade real entre os humanos? O quanto de nosso comportamento "bom" e "correto" deriva apenas do medo da punição e do castigo social? São questões inquietantes que o pensamento platônico sobre o anel de Giges ainda provoca sob os leitores atentos de sua obra.

Minuto da Reflexão 🤔

Amigos, imaginem que vocês encontram um anel mágico que torna quem o usa completamente invisível aos olhos dos outros. O que fariam com esse poder? Começariam a fazer coisas erradas sem medo de serem pegos?

Essa ideia nos faz refletir sobre uma questão importante: Será que só nos comportamos bem ou seguimos as leis por medo de sermos punidos? Ou fazemos o bem porque realmente acreditamos que é o correto a se fazer?

O filósofo Platão imaginou esse dilema ético do "anel de invisibilidade" há mais de 2000 anos! Ele queria nos mostrar que quando ninguém está olhando e não existe punição, tendemos a nos corromper e descumprir regras facilmente. O objetivo foi trazer o dilema ético do mito de forma simples e conectada à nossa realidade, fazendo a gente refletir sobre o verdadeiro sentido da ética e justiça. Espero que tenham gostado, deixem nos comentários a sua opinião. Obrigado e até semana que vem.

Para saber mais, recomendo a leitura do Livro II da obra: PLATÃO, A República. Tradução Maria Helena da Rocha Pereira. 9. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbbenkian, 2001.

Texto publicado em: 24 Fev 2024.

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