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Minuto da Semana
(O Príncipe - Maquiavel)
Olá pessoal, no "Minuto da Filosofia" desta semana, daremos início a nossa série semanal denominada "Minuto da Semana com Maquiavel" para explorar os conceitos fundamentais da obra-prima "O Príncipe", do filosofo Nicolau Maquiavel. Semanalmente, traremos uma visão acessível sobre as lições dessa importantíssima obra a respeito de poder, liderança e estratégias políticas muitas vezes controversas, mas perspicazes, de como governantes devem agir para conquistar e manter seu reinado.
Vamos lá! Prontos para mergulhar na leitura? 📚
Razões para ler Maquiavel
De acordo com Toledo (2008), Niccolò Di Bernardo Machiavelli, conhecido como Maquiavel, é uma figura central na filosofia política, especialmente através de sua obra "O Príncipe". Ele demonstrou, ao longo de cinco séculos, que a política é uma ciência complexa e não apenas um passatempo para os ambiciosos. Sua experiência de quase 15 anos como Secretário de Estado da República de Florença, e suas missões diplomáticas em vários países europeus, forneceram a base para seus escritos.
Maquiavel nasceu em Florença, em 3 de maio de 1469, numa família ligada à nobreza toscana. Desde jovem, foi direcionado aos estudos, aprendendo latim e matemática. Em 1498, começou a trabalhar na Segunda Chancelaria, onde se dedicou à diplomacia. Casou-se em 1502 com Marietta Di Luigi Corsini, com quem teve seis filhos. Durante esse período, Florença era uma república rica mas militarmente frágil e politicamente dividida.
Além de diplomata, Maquiavel era poeta, e seu primeiro trabalho literário, "Discursos sobre a Primeira Década de Tito Lívio", refletia suas preocupações com a Itália fragmentada. Sua obra mais famosa, "O Príncipe", escrita após ser acusado de conspiração e torturado, e publicada postumamente, é uma análise pragmática do poder político.
Na época de Maquiavel, a Itália estava dividida enquanto outros países europeus se unificavam sob monarquias absolutas. Ele escreveu com a visão de unificar a Itália, contrapondo-se à tradição escolástica e humanista. Para Maquiavel, a política deveria ser desvinculada da moral religiosa, baseada na realidade concreta e no conhecimento verdadeiro.
Um conceito central em sua obra é a "virtù", que se refere à habilidade, coragem e excelência dos líderes, distinta do conceito clássico de virtude. Maquiavel argumenta que um líder eficaz deve ser capaz de aproveitar as oportunidades (fortuna) e adaptar-se às circunstâncias para manter o poder.
Apesar das muitas interpretações errôneas de seu pensamento, "O Príncipe" não é um manual de tirania, mas sim uma obra que oferece ferramentas para extrair o melhor dos líderes e promover a virtude. Como apontou Michael A. Ledeen, o olhar de Maquiavel sobre o mundo moderno revela a contínua necessidade de líderes virtuosos em tempos de corrupção e ameaças à liberdade. Estudar Maquiavel é entender os princípios fundamentais dos diferentes tipos de governo e como formá-los e mantê-los de maneira virtuosa.
TOLEDO, Caio Bastos. Introdução. In: MAQUIAVEL, Niccolò. O Príncipe: a natureza do poder e as formas de conservá-lo. Tradução de Cândida de Sampaio Bastos. São Paulo: DPL, 2008.
O livro "O Príncipe" é um tratado político clássico, escrito em 1513. Ele é dividido em 26 capítulos
1-11: Discutem os vários tipos de principados e como um príncipe deve adquiri-los e mantê-los.
12-14: Abordam os exércitos de principados e milícias.
15-23: Cobrem as qualidades que um príncipe deve ter e o comportamento a ser adotado.
24-26: Os últimos três capítulos abordam a questão da Itália estar sob o domínio de potências estrangeiras.
Capítulo I: Das Diversas Espécies de Principado e das Muitas Formas de Conquistá-los
No primeiro capítulo de "O Príncipe", Maquiavel apresenta uma classificação dos tipos de principados e os métodos pelos quais podem ser adquiridos. Ele divide os estados em duas categorias principais: repúblicas e principados. Dentro dos principados, há uma subdivisão entre os hereditários, que são governados por uma família ao longo do tempo, e os novos, que podem ser completamente novos ou anexos a um estado hereditário.
Maquiavel inicia sua obra classificando os estados e os tipos de governos. Ele foca nos principados, que são governados por príncipes. Os principados podem ser passados de pai para filho (hereditários) ou novos, que são conquistados de várias formas.
Ele nos ensina que os novos principados podem ser conquistados usando habilidades pessoais, sorte, exércitos próprios ou de outros países, e também pelo apoio de pessoas de dentro do país conquistado ou de fora. Cada método de aquisição tem suas próprias características e desafios, e é importante entender esses fatores para saber como manter o poder de forma eficaz.
Minuto da Reflexão 🤔
Maquiavel, em "O Príncipe", desafia a visão idealista da política e nos convida a entender a governança como ela realmente é, não como gostaríamos que fosse. Este primeiro capítulo estabelece a base para discussões mais aprofundadas sobre como um líder pode e deve agir para adquirir e manter o poder. É um convite a reconhecer as complexidades e realidades da liderança política, muitas vezes distantes dos princípios morais tradicionais, mas profundamente enraizadas na prática histórica e na observação da natureza humana.
A leitura deste capítulo inicial é essencial para compreender a abordagem pragmática e, por vezes, controversa que Maquiavel adotará ao longo de sua obra, desafiando-nos a refletir sobre a eficácia e a moralidade no exercício do poder. Espero que tenham gostado, deixem nos comentários a sua opinião, isso nos incentiva a criar cada vez mais conteúdos esclarecedores pra vocês. Obrigado e até semana que vem, quando daremos continuidade ao estudo de Maquiavel. Fiquem com Deus.🙏
Bibliografia: MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. Tradução de Cândida Sampaio Bastos. São Paulo: DPL, 2008.
Texto publicado em: 01 Junho 2024.