Minuto da Filosofia

Agenor Henrique de Souza

Você está na Edição 44 do Minuto da Semana

Minuto da Semana

(Minicurso: Introdução à filosofia de Platão)

Olá, pessoal! Vamos continuar nosso minicurso de introdução à filosofia de Platão. Hoje em nossa terceira aula, vamos explorar um dos conceitos mais fascinantes de Platão: a concepção da alma. Vamos entender como ele dividiu a alma em três partes, sua visão sobre a imortalidade e a teoria da reminiscência. Ah! e no final, teremos uma atividade prática para aplicarmos essas ideias no nosso cotidiano.

Prontos para mergulhar na teoria da concepção da alma em Platão?

1 A natureza tripartite da alma

Platão propõe que a alma humana é composta por três partes:

  1. Razão (logistikon): a parte racional, responsável pelo pensamento e pela busca da verdade. Localizada na cabeça.
  2. Espírito (thymoeides): a parte corajosa ou irascível, responsável pelas emoções nobres como a coragem e o senso de honra. Localizada no peito.
  3. Apetite (epithymetikon): a parte desejante, responsável pelos desejos físicos e materiais. Localizada no abdômen.

Platão argumenta que uma pessoa virtuosa é aquela em que estas três partes estão em harmonia, com a razão governando, auxiliada pelo espírito, e controlando os apetites.

Portanto, para Platão, a verdadeira virtude reside na harmonia da alma, onde a razão guia nossas emoções e desejos. Compreender essa estrutura é fundamental para entender o restante de sua filosofia. Vamos agora explorar como Platão conecta essa visão com a imortalidade da alma.

2 A imortalidade da alma

Platão defendia a ideia de que a alma é imortal. No diálogo "Fédon", ele apresenta vários argumentos para sustentar esta tese:

  1. Argumento dos opostos: tudo vem do seu oposto, então a vida deve vir da morte e vice-versa.
  2. Argumento da reminiscência: nosso conhecimento de conceitos abstratos (como igualdade perfeita) sugere que a alma existia antes do nascimento.
  3. Argumento da simplicidade: a alma, sendo simples e indivisível, não pode se decompor e, portanto, é imortal.
  4. Argumento da essência da vida: a alma é portadora da vida e, portanto, não pode admitir seu oposto, a morte.

Esses argumentos reforçam a crença de Platão de que a alma não só comanda nossa vida terrena, mas também continua existindo além da morte, carregando consigo nossa essência. Essa imortalidade está profundamente ligada à nossa capacidade de conhecer e lembrar, como veremos na próxima seção

3 A teoria da reminiscência

A teoria da reminiscência (ou anamnese) está intimamente ligada à crença de Platão na imortalidade da alma e na Teoria das Ideias.

Segundo esta teoria:

  • Antes de encarnar em um corpo, a alma contemplou as Ideias no mundo inteligível.
  • Ao nascer, esquecemos esse conhecimento.
  • Aprender é, na verdade, recordar o que a alma já sabia.

Esta teoria explica, segundo Platão, como podemos reconhecer conceitos abstratos e universais, como a ideia de beleza ou justiça.

Compreendemos, então, que segundo Platão, o aprendizado é uma forma de relembrar o que a alma já experimentou antes de encarnar. Essa teoria não só fortalece a ideia de imortalidade, mas também nos oferece uma nova perspectiva sobre o processo de aprendizagem. Agora, vamos aplicar essas ideias a situações do nosso dia a dia.

4 ATIVIDADE DE REFLEXÃO (DOIS EXEMPLOS)

Decidir entre estudar ou ir a uma festa, ou escolher entre mentir e dizer a verdade, são exemplos dos infindáveis dilemas que enfrentamos no dia a dia. Como agir nessas situações depende da nossa capacidade de equilibrar diferentes aspectos da nossa alma, como diria Platão. A decisão entre ceder ao prazer imediato ou buscar o bem maior é uma batalha constante entre o desejo e a razão, e encontrar esse equilíbrio é essencial para tomar decisões alinhadas com nossos valores.

Para alcançar a harmonia entre as três partes da alma nas decisões diárias, é importante não optar por extremos, mas sim buscar um caminho que satisfaça de forma equilibrada as diferentes facetas do nosso ser. Aristóteles nos ensina que o meio termo pode ser a solução, evitando os excessos e as faltas. Assim, em nossas escolhas, é sábio considerar como podemos atender tanto à razão quanto ao desejo, sem sacrificar o que é justo e verdadeiro.

Aplicando essas teorias no cotidiano, percebemos como Platão e Aristóteles nos oferecem ferramentas valiosas para compreender e equilibrar nossas escolhas. A busca pela harmonia da alma, talvez guiada pelo conceito do meio termo, pode ser um caminho poderoso para viver de maneira virtuosa. Assim, ao enfrentar dilemas, podemos nos orientar por esses princípios filosóficos, promovendo um equilíbrio que nos aproxima da virtude e da felicidade.

5 Próxima aula

Não percam a próxima aula na semana quem! Nós vamos estudar a Ética e a Política em Platão, ocasião em que aprofundaremos nosso conhecimento a respeito das características do bem, das virtudes cardeais, da cidade ideal, dentre outros tópicos. 😀

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Bibliografia

  • PLATÃO. República. Tradução e Notas de Enrico Corvisieri. Petrópolis: Editora Vozes, 2018.
  • REALE, Giovanni. História da Filosofia Antiga: Platão e Aristóteles. São Paulo: Editora Loyola, 1993.

Aula publicada em: 31 Agosto 2024.

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